Os olhos dela são os sorrisos, os olhos dela são a dor, são os espelhos cruzados, são os amores amados, são solidão e solitários, são queridos e tomados de paixão de horror.
Os olhos dela são os meus, vistos do ponto de vista dela, sem no entanto reflectir nela aquilo que se vê bem dentro de mim. Vejo-me nela, ver-se-á ela assim?
Porque me olhas dessa forma? porque me formas nesse contexto? porque me deformas o corpo ao teu jeito? No entretanto, não te rejeito, nem os olhos, nem o olhar, nem a torta ideia que os teus olhos atiram ao meu olhar de suplício pousado no teu peito.
Entende que quando te olho é que me vejo, e vejo aquilo que os meus olhos mais gostam, aquilo que os meus olhos mais amam. Aquilo que me dizem está no espelho, mas que não vejo se não forem os teus olhos.
Os olhos dela são meus carrascos abençoados, meus salvadores amaldiçoados, as minhas portas, as minhas grades, a minha janela, o meu alçapão, o meu final. São os olhos dela, negros, transparentes, reflectindo ao contrario a minha mente a minha curva descendente, a minha pessoa, a minha gente.
Compreende que te olho procurando o meu olhar algures, no mais escondido do olhar que olho e que olha teimosamente em frente.
Os olhos dela são doces, avinagrados, são tomados por humores, são ruidosos, são calados, são abertos e fechados.
Os olhos dela são os últimos, os primeiros, os de sempre, para sempre, e sempre marcados a ferro quente no frio do meu coração.
Os olhos dela...A minha vida...O meu espelho...O meu coração.
sexta-feira, 25 de janeiro de 2008
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2 comentários:
Talvez encontres no espelho os olhos dela, mas continuam a ser ambas a mesma mulher. Ela, enquanto reflexo, não é nenhuma catarse da nossa existência. Tanto horror não se duplica assim com um simples truque!
Esta Joaninha é um poço de inspiração.
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