segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Conto V

O fundo do Poço

"(...)Eu fui uma pedra, um calhau descomunal, um autentico meteorito de proporções catastróficas, demorei apenas uns segundos para cair e passei todos aqueles anos estatelada, enquanto o meu Dr. dos pirolitos cuidadosamente removia os escombros do impacto e utilizava todo a seu conhecimento e força para me tirar daquele buraco escuro.
Tu caíste como uma pena, demoraste todos aqueles anos a chegar ao fundo do poço.
Foste caindo devagar, agarrado ao ar que te rodeava, aos teus amigos, ao teu trabalho. Mas o ar, embora te aparasse a queda não te podia impedir de cair.
Assim foste balouçando ao ritmo da aragem até que naquela noite, naquele bar imundo, rodeado por aquelas pessoas anonimamente tristes, pousaste suavemente no fundo.
Mas chegaste ao fundo o poço. Meu Deus como chegaste. Completamente desfeito pela suavidade da queda, completamente desprevenido. Deve ter sido verdadeiramente assustador para ti. Tu que sempre foste tão especial, tão melhor, tão superior. Estavas agora tão sozinho, porque no fundo do poço está-se sempre sozinho, num lugar escuro, sem luz, sem sol, sem nada. Como te devias sentir desgraçado.(...)"

5 comentários:

Krippmeister disse...

Acho fantástico o modo como não há bons nem maus. Fazes parecer que qualquer um dos intervenientes seria capaz de cometer uma loucura na mesma situação. Ou seja, são todos potencialmente loucos.

...Se calhar é melhor avisar o andré para fechar os abridores de cartas numa gaveta...

Joaninha disse...

Herr Krippmeister,

Ele nem tem cá coisas dessas pelo sim pelo não. E até há bem pouco tempo tinha a tessoura guardada numa gaveta. Porque será?

hihihihihihi

A verdade é que não existem mesmo bons ou maus nesta história. Só existem pessoas muito desiquilibradas e outras menos desiquilibradas. A intenção era ter personagens mais ou menos possiveis, com uma loucura um pouco exagerada talvez, mas credivel.

Krippmeister disse...

Conseguiste, está um xuxu literário.

Keep´em coming!

Abobrinha disse...

Joaninha

Gostei do modo como descreveste as duas trajectórias até ao fundo do poço. SObretudo porque o fazes muito elegantemente. Quase parece não ser tão grave como realmente é.

Abridores de cartas é coisa de menina: tenho um X-acto e um busca-polos na carteira...

Joaninha disse...

X-acto é muuuuito bom, é uma arma assim a dar para o artistico-trolha-handyman e outros que tais. Essencial numa carteira de senhora!!
Pois eu é mais....Não tenho um único objecto afiado na minha carteira, mas em compensação tenho sempre uns saltos altos capazes de vazar um olho a qualquer trevidinho!!