quarta-feira, 23 de abril de 2008

O mar portugues.

Dias e dias correndo no rio que rebola devagar espetando as águas de encontro a um mar que as recebe com um pouco de indiferença embora isso o alegre. Rebolam tediosos, arrastando-se pelo leito lamacento, arrastando as mesmas e exactas horas, numa enfadonha repetição de movimentos ondulatórios, cansativos, sem qualquer momento inspirado ou inspirador acabando no mar de um tempo que em breve será memoria da memoria no meio do esquecimento.
Um dia os dias rebolarão de forma diferente creio, e o mar ficará contente acredito, recebendo dias impolutos nas suas águas poluídas por dias e dias e dias repetidos em cada momento. Glorioso será o primeiro dia em que as horas não se repetem e os movimentos são frescos, novos, cheios de agua límpida e gélida, acordando o mar da sua morna alegria indiferente. Viver será daí para a frente, com o mar atirando água em monumentais ondas em toda a sua majestade de ser um mar de dias de gente que merece ser memoria não da memoria do esquecimento, mas da história.

2 comentários:

antonio ganhão disse...

"... espetando as águas de encontro a um mar que as recebe com um pouco de indiferença embora isso o alegre."

Sim disseste tudo. O mar é mulher, insaciável, indiferente, nem sempre alegre.

Joaninha disse...

Implume,

Achas?