Gostava de falar ti.
Mas falar de ti é-me muito difícil. Porque falar de ti é tão diferente de falar de mim.
Gostava de descrever-te revelando-te. Mas não posso, porque não conheço as palavras que te descrevem nem as que te revelam e não sei onde procura-las.
Por isso, sempre que começo a falar de ti, falo de tudo o resto. Falo do mar, que eu conheço e do tão fundo que ele é. Do universo, que é negro, de quão infinito ele é. Do vento que corre, do sol que queima, da chuva que mata a sede da terra que tanto ama. Mas sobre ti, sobre ti não digo nada e tudo isto me parece pequeno.
Gostava de falar de ti, mas acho que falar de ti não chega.
Por isso ando à tua volta como um pássaro tonto, esperando que me dês ar nas asas.
Tu limitas-te a amar-me. A mim que sou um emaranhado de imperfeições ridículas, uma manta de retalhos de falhas, erros e nós cegos, que se mantêm unida pela seda dos teus olhos.
És...
Gostava de falar de ti, mas não sei como e não quero de novo falar do mar, nem do vento, nem do sol, nem do verde das matas da terra, nem da vastidão do universo, é inútil, já foi feito, é banal.
Quando me sento, no jardim, rodeada de montanhas, rodeada de oceano, com o sol morrendo aflito sob o enorme peso do céu nocturno, o vento arrastando o cheiro daqueles verdes misturando-o com a maresia, nesse momento, nesse exacto momento quase, quase sinto que um dia serei capaz de falar de ti, mas quando pego na caneta nada sai.
Será que a tua mais perfeita descrição é mesmo o absoluto silêncio?
Silêncio...
Considera-te pois descrito.
Mas falar de ti é-me muito difícil. Porque falar de ti é tão diferente de falar de mim.
Gostava de descrever-te revelando-te. Mas não posso, porque não conheço as palavras que te descrevem nem as que te revelam e não sei onde procura-las.
Por isso, sempre que começo a falar de ti, falo de tudo o resto. Falo do mar, que eu conheço e do tão fundo que ele é. Do universo, que é negro, de quão infinito ele é. Do vento que corre, do sol que queima, da chuva que mata a sede da terra que tanto ama. Mas sobre ti, sobre ti não digo nada e tudo isto me parece pequeno.
Gostava de falar de ti, mas acho que falar de ti não chega.
Por isso ando à tua volta como um pássaro tonto, esperando que me dês ar nas asas.
Tu limitas-te a amar-me. A mim que sou um emaranhado de imperfeições ridículas, uma manta de retalhos de falhas, erros e nós cegos, que se mantêm unida pela seda dos teus olhos.
És...
Gostava de falar de ti, mas não sei como e não quero de novo falar do mar, nem do vento, nem do sol, nem do verde das matas da terra, nem da vastidão do universo, é inútil, já foi feito, é banal.
Quando me sento, no jardim, rodeada de montanhas, rodeada de oceano, com o sol morrendo aflito sob o enorme peso do céu nocturno, o vento arrastando o cheiro daqueles verdes misturando-o com a maresia, nesse momento, nesse exacto momento quase, quase sinto que um dia serei capaz de falar de ti, mas quando pego na caneta nada sai.
Será que a tua mais perfeita descrição é mesmo o absoluto silêncio?
Silêncio...
Considera-te pois descrito.
32 comentários:
Lástima que no sé Portugués y solo intuyo lo que dices.
La chica!
Bem vinda :)
Eu tambem não falo espanhol, mas entendo. Volta sempre!
Abraço.
É um texto cheio de emoção Joaninha, isso é que é escrever com o coração nas mãos. Neste momento alguém tem o ego do tamanho do mundo.
De qualquer maneira foste feliz em ter posto a fotografia da boazona, fica sempre bem seja em que post fôr : )
Muito interessante! Gostei muito de ler isto
Tu não consegues falar dessa outra pessoa porque ela não precisa que fales dela, ela gosta mesmo é de te ouvir falar do mar, das dunas e dessas coisas todas de que tu falas... ela gosta de ser o Silêncio que te escuta... Será??
Estou com o Alf, existe magia na tua descrição do silêncio.
No silêncio dos olhos
"Em que língua se diz, em que nação,
Em que outra humanidade se aprendeu
A palavra que ordene a confusão
Que neste remoinho se teceu?
Que murmúrio de vento, que dourados
Cantos de ave pousada em altos ramos
Dirão, em som, as coisas que, calados,
No silêncio dos olhos confessamos?"
José Saramago
Os Poemas Possíveis
Lisboa, Caminho, 1999
Que sorte! eu também queria ser descrita assim! :) Está liiindo!
Adorei a parte "Mas sobre ti, sobre ti não digo nada e tudo isto me parece pequeno". está lindo!
E a foto fenomenal! Concordo com o Krippmeister, é uma foto de uma boazona! ;p
Beijoca!
Não há dúvida que este teu discurso rondou as esferas do sublime. Sinceramente.
Pelo seu lado, há coisas que o Implume planifica, plastifica e constrói como um brinquedo Lego no seu En-Levo, mas que tu, com mais naturalidade e infinitamente menos pompa e desfile, obténs claramente.
O Canário do Implume, nesta sua fase narcísica, não poderá compreender que o único caminho é ser humilde e autêntica como tu.
Um beijo, Caríssima Joaninha! Estou a par da Faculdade! Congratulations from the bottom of my Heart!
PALAVROSSAVRVS REX
Quando alguém fica assim debaixo da pele, dentro de cada um dos nossos penamentos... estou de acordo fica dificil falar ou descrever o que quer que seja, fica tudo muito pequeno... é verdade.
Bjs
Um encanto!
Krippa: Obrigado, eu gosto de escrever com o coração nas mãos, mas é um exercicio doloroso às vezes.
beijos
Alf: É bem possivel que seja :) Obrigada.
beijos.
António: Obrigada.
beijos
Carol: Vindo de uma poetisa do teu calibre isso é um elogio e tanto.
beijos
Saltinho: Obrigada, tenho certeza que há por ai alguem que te descreve desta maneira ou ainda melhor.
REX: OK, atenção! meninos atenção. Depois deste comentário vindo do mais poderoso reptil das letra quero muito respeitinho! Obrigada meu amigo.
Ás vezes colocar a alma em cima da mesa é dificil mas é a única maneira.
beiijos
JP: é sempre bom ter-te por aqui :)
beijos
Peter,
É quase impossivel.
Obrigada pela visita.
bjs
Concordo. Quando se ama, qualquer coisa que se diga para sublinhar esse sentimento soa sempre a falso/piroso.
É por isso que não sou romântica nem aprecio 99% da poesia.
bjs
Lindo, lindo... e a fotografia também. Beijinho grande, prima querida!
OLha olha a Carol a fazer-se se desentendida. Palerma!
Beijos
Rosinha meu mel,
Obrigada!
beijões
Muito bom... Muito bom mesmo, belo texto, muito bem escrito, muito bem conseguido. Lindo!
Olha a Rosinha :-)
I also think that words break the absolute, marvelous, all-saying silence! Silence can be worth all words!
Caramba, que ando eu a perder que não costumo aqui poisar?
Belo texto, sim senhor ...
Quanto à pergunta que uma certa "joaninha" voadora fez a propósito de um poiso em Âncora, a resposta é fácil ... férias, fins de semana, caminhadas, "bodyboard" e o tal peixinho ... ah, e em Caminha esplanadas ...
Blonde,
you are correct.
There are no words powerful enough to transmit the comfort and tremendous beauty of that silence. Silence cannot be described by mere words.
kisses pra ti ;)
Carol,
Parece que sim, ainda acabamos todos à mesa do café, como antigamente :)
beijos linda.
Ferreira,
Está explicado, eu sabia que devias ser boa pessoa ;) (e não era só por seres irmão de quem és)
Obrigada pela visita
beijos
Pois é, Joaninha (fiquei meio intrigada com o coment da Joana) afinal era conhecida ;)
e quem me linka fica automaticamente linkado.
Agora descrever aquela pessoa que nos é tão especial... envolta de silêncio ou nem tanto, tb acho que por melhor descrição que se tente fazer, fica sempre muito aquém... como tal falaste e disseste muito bem!
Beijos e bom fim-de-semana
Gostei deste belo silencio...
Gostei das tuas palavras!
Só agora reparei que o magneto-poderoso-reptil aproveitou o teu texto para zurzir as suas mágoas na minha escrita... o teu momento de magia apenas lhe tocou ao de leve!
Não, Joaninha, tocou ao de pesado, por isso é que me pareceu necessário contrastar o teu texto intenso com as produções de régua e esquadro com que o meu Emplumescente Amigo, canário de cauda deplumada, esquadrinha a sua obra literária (que todos desejamos seja um sucesso e que por isso mesmo temos o dever de castigar para que melhore e se intensifique).
Ora se ela, a obra literária do Implume, não me faz cócegas e a tua fez, se a dele não me espanca a sensibilidade e a tua a esbofeteou e agrediu no bom sentido, claro, estamos conversados.
All in all, o nosso Implume precisa de todo o mimo he can get. Cabe-me pô-lo na linha e resistir-lhe aos avanços Pepe le Pew que ele me faz a mim e à minha literatura, nas suas palavras, «com potencial», vê lá tu.
:) beijo
PALAVROSSAVRVS REX
Sejam amiguinhos.
Rex,
Eu fico enrubescida com os teus elogios. Até porque se a escrita que me espanca (claro está, no bom sentido) é mesmo a tua.
Mima-o que ele está bem a necessitar :)
Olha quando eu crescer também quero ter uma escrita como a tua "«com potencial», vê lá tu."
Pelos vistos só falta potencial ao sáurio-reptil...
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