As lesmas peçonhentas, moles e disformes. Consumindo folhas verdes de plantas inocentes, comendo furiosas as criaturas indefesas.
É assim peçonhento, mole, sem espinha de integridade formada, sem o backbone da nossa humanidade. Arrasta-se sorrateiramente, embrulhando os que de costas rectas andam íntegros na sua peçonha escorregadia. São hostes de seres cancerígenos, chupando forca vital ao débil doente, com garras afiadas cravadas nos flancos monetários das vitimas indefesas.
Pesam-nos nas costas, sorrindo agudamente, com os olhos raiados de vermelho poder, comendo as entranhas dos pobres numa chantagem cruel, de morte ou morte certa.
Somos nós as presas ingénuas do sistema predatório, constituído por animais sedentos da existência alheia, que servimos de prato principal, violados e violentados, achincalhos no nosso orgulho, no nosso mais elementar direito à indignação. Calamos e consentimos por medo, por pavor que nos foi patologicamente incutido pela a mesma corja que se rebola na merda, urrando de gozo e de prazer, metendo-nos as mãos nos bolsos e arrancando-nos o pão da boca, clamando um bem comum que é só deles.
Digo, deste Pais, Portugal. Demito-me.
segunda-feira, 22 de setembro de 2008
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14 comentários:
Este é de antologia.
Joaninha estás uma poeta de intervenção. Parabéns por mais um excelente texto. Pena que a inspiração tantas vezes venha de episódios difíceis.
Bjão!
Por momentos pensei que ias falar de lesmas peçonhentas, moles e disformes! Afinal era só sobre nós, os portugueses...
deves ter ido às finanças ou à segurança social.
Quando fôr para largar tudo e emigrar avisa.
Tu demites-te do quê, ó criatura? Então eu que nem cá nasci aturo com isto tudo e cara alegre, e tu demites-te? Tu solta esse veneno e essa fúria, mas não te demitas, mulher!
fixe!
Demitimo-nos todos e depois gozamos com a cara dos dirigentes. Que tal fazer o contrário? Que tal demiti-los a eles nas próximas eleições?
bjs
Karin, o problema é que podes demitir por voto os politicos, mas as maquinas gigantescas, cheiras de vermes nojentos nos seus quadros intremedios como a Seg. social ou as finanças não consegues mudar.
Vê o novo link que eu fiz no post.
beijos
António,
Portugueses, lesmas, lesmas portugueses, tudo a mesma coisa...Safa-me a costela inglesa :).
Krippa: Obrigado.
Anjo meu: TU conheces bem a tua joaninha :)
Blonde,
Teriamos que demitir o pais inteiro...
Porra Joaninha, recebeste o aviso do IRS ou quê?
Tu estás apenas a começar a conhecer o ser humano, que, como diz a Manefta, são "Pequenos seres rotinando a vida entre a espada e a parede."
As pessoas têm coisas terríveis e coisas fantásticas. Tanto matam por prazer como dão a vida para salvar outro. Mas não é fácil muitas vezes ultrapassarmos a iritação e alcançarmos a compreensão.
Mas devo dizer que a irritação parece ser o teu elemento inspirador por excelência. Deves ser uma pessoa de causas. Uma guerreira. Quando a tua caneta é usada como arma, é incrivelmente poderosa e bela!
Ora bem
Escolhi mal a hora do regresso porque a mim também me tocou a conta do IRS...
Isto vai de mala a pior e coitados dos homens, estão afazer tudo bem e nós é que nem reparamos...
Os empregos aumentaram, os impostos desceram, o ensino melhorou, a saúde é um exemplo para todo o mundo, segurança é palavra de ordem no país...
Lesmas e mais lesmas sem dúvida...
Minha cara amiga, ainda não digeri o regresso até aqui ao meu cantinho pois parece que sempre que venho lá de cima da "nossa" Afife, venho anestesiado ou "apardalado" melhor dizendo pois prefiro andar uns tempos calado antes de dizer alguma disparate...
Espero que tudo esteja bem consigo, independentemente da demissão que acaba de fazer e nem me admiro com ela pois estou filiado já à algum tempo no mesmo clube...
(Sabe que me expropriaram uns metros de terreno de uma das leiras que possuo na veiga de Afife para uma passagem subterrânea para atravessar a estrada nacional? 504€.......... ando a pensar o que fazer à fortuna, mas como foi obra de interesse público...)
Um grande abraço
António Inglês
Tens razão, neste país a função pública tem vícios que só daquí a muitas gerações poderão mudar.
Ninguém se reponsabiliza por nada e e cultivam a acumulação de papeis para esconderea a ineficiência.
As pequenas e médias chefias são um cancro de incompetência e prepotência. Os funcionários imitam-nos e cultivam este estatus quo, pois até têm mêdo de mudar e desnudar a sua incompetência, ou revelarem se mais eficientes que os chefes e irem parar ao olho da rua.
Enfim, é uma alegria.
bjs
Meus queridos,
Não foi o IRS eu tenho uma estranha relação de cortezia com a finanças, foi mesmo o maior cancro deste nosso pais a Segurança Social. Para quem quizer mais alguns pormenores vejam o link que está no inicio do texto.
Alf,
Não digas essas coisas que eu fico coradissima :)
beijos
António,
Como eu sei o que isso é, das expropriações, uma comédia. Beijos meu amigo.
KArin,
Na muche como sempre :)
beijos
Carol.
Beijos
Joaninha, vais demitir-te?
Ainda não dei com o departamento e o guiché, quando o conseguires avisas-me? :)
Infelizmente o nosso Estado está cheio de incompetentes, mas a Segurança Social ultrapassa todos os limites. Há histórias para todos os gostos, aqui vai mais uma.
Nos finais de 2005, ainda me encontrava em Benguela, uma pessoa que conheço telefonou-me toda arreliada porque havia recebido uma notificação da Segurança Social informando-a que devia cerca de 3500€. Sosseguei-a. Sugeri-lhe que não pagasse e contestasse. Assim fez.
A dívida poderá ser dividida em três, uma da década de 90 e duas deste século. Da de 90 apesar de prescrita há documentos que comprovam o pagamento. Às outras duas deste século... a porca torce o rabo. A primeira refere-se a uma dívida duma actividade e duma empresa em que a pessoa em causa nunca exerceu cargo nem sequer conhece a firma, a segunda refere-se a um ano em que a pessoa não exerceu actividade alguma.
No final de 2006, após o meu regresso, como não havia recebido resposta, fomos à SS saber em que ponto se encontrava o processo. Nada sabiam ou então não nos quiserem informar. Desde então foram pedidas três declarações de situação contributiva.
Como dentro em breve a pessoa em causa se irá reformar, só este ano perdeu a conta às inúmeras vezes que se deslocou a diferentes repartições da SS.
Como calculas esta malta indica-nos n repartições.
Finalmente, em meados de Maio deste ano deparou-se com uma funcionária muito simpática que a informou que afinal nada devia, que não se preocupasse, encontrava-se tudo arquivado. Como prova facultou-lhe um email interno da SS, onde se pode ler que a pessoa em causa não deve rigorosamente nada.
No entanto a história não termina por aqui.
Não é que na primeira semana de Setembro, e no mesmo dia, chegam as respostas a duas das três declarações de situação contributiva pedidas? Uma declara que nada deve, na outra consta que deve 300 e tal euros. Mais engraçado é do facto da dívida respeitar a juros de mora e a custas do processo respeitante ao ano da década de 90 que foi arquivado. Dão razão ao contribuinte mas este tem que pagar por erros que os serviços cometem.
Nota, são ambas do mesmo dia.
Não é caricato?
Por isso, quando te demitires informa-me. OK!? ;)
PS: o post “Capuchinho Vermelho” tá uma beleza. Parabéns!
No entanto na vida real o caçador estava feito ao bife. Vejamos: primeiro, provavelmente não teria licença de porte de arma. Segundo, o lobo não foi apanhado em flagrante delito. Terceiro, não foi em autodefesa. Quarto, exerceu violência excessiva. Quinto e último, encontra-se em Portugal onde a justiça é “cega”. :)
Despeço-me com duas passagens sobre o tema dum filme que nunca vi na integra e/ou no cinema, na altura estava na bela Benguela:
Opening story from Hoodwinked!
Little Red Riding Hood - the Wolf's Side Story
Pois...! Meses atrás paguei quase sessenta aéreos pelo erro simultâneo de duas repartições, uma das quais das Finanças. Tive que o fazer porque, embora me dessem toda a razão, o protesto se arrastaria e, no meio desse arrastamento, teria a possibilidade de ver o salário congelado e sofrer uma penhora qualquer.
Eu sei que dizer "desisto!" é retórico, mas lá que dá vontade de o fazer, dá!
Beijinhos
LIMPEZA DE TERRENO
"Se arrancam pedra e peçonha
Se erva daninha se arranca
Da realidade que sonha
Como perna de quem manca,
Arranquem, erva daninha
Neste peçonhento mato,
A realidade que é minha
Pela força do abstrato."
Nauro Machado
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