E eis se não quando se mostra o misericordioso mentiroso, miseravelmente falso, capa de veludo escarlate em riste mas agora contra os pobres, contra os fracos, do alto da sua bondosa escorrida falsidade. Insolente, não se move, não se comove com o pranto!
Ergue-se então a pobre de farrapo de chita em riste e sem pudor, misericordiosamente sem falsidade, de coração sangrando oferecendo a jugular pulsante, grita-lhe.
- Olhai-os que morrem de fome meu senhor! - Apela-lhe.
Ó mas interessam umas quantas pobres criaturas rastejantes de estômagos colados às miseravelmente magras costas.
- Olhai-os que morrem de sede, meu bom senhor!
Ele marcha em orgulhosa pretensão presidencial, espalhando dolorosas esmolas a troco das suas almas escravizadas, quer lá saber se morrem secas no pó fétido das suas estradas.
Ela, e ela que cada vez se ergue mais, que cada vez mais alto ergue os seus farrapos de chita!
- Olhai agora...Olhai-me agora senhor! Que as massas ainda não se levantam, que os meus filhos ainda a teus pés se arrastam. Olhai-me senhor, que quero ver se por baixo do escarlate existes, ou apenas és.
- Olhai-me senhor, olhai-me por favor agora, agora antes que seja tarde – implora.
Mas ele sem a ver, passa...
Insuspeita fenda profunda que se abre frente aos seus pés...
(Escrevi isto há uns tempos, só isto, não sei porquê, era uma ideia para alguma coisa, mas já não me lembro do que era...)
quinta-feira, 9 de outubro de 2008
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21 comentários:
Devia ser uma critica ao Sócrates ou à politíca e aos políticos em geral.
LOL, por acaso tambem que estivesses a falar do socrates, mas como eu ate gosto dele... ia ja armar barraca. Muito bem escrito minha querida, como tudo o que tu escreves! Para quando um livrinho?? hein hein??
so um aparte: por acaso tambem PENSEI! faltou-me uma palavra...
mas parece-me um bom escrito, gostei...
tem desenvolvimentos ?
Voltai ás vossas vidas e não vos preocupeides.
Dá gosto ler :)
Mas neste clima geral, acho que se enquadra muito apropriadamente!!!
Meu anjo,
Por acaso não era, mas podia ser realmente...
Maninha
Livro? Telefona à Rosinha.
Tiago,
Completamente sem desenvolvimento. Escrevinhei isto no meu caderninho e depois ficou para lá. Não lhe peguei mais, mas lembro-me que eu tinha uma intenção qualquer...Não me lembro era qual ;)
Krippahl,
Genial como sempre :)
beijos
Blondie,
pois, não foi por isso que o escrevi mas enquadra não há duvida.
beijos
Muito bom!!! ;-)
...isso acontece e muito!
Você deve ter captado essa situação do dia a dia...
Muito bom o seu texto!
Beijos de luz e um final de semana feliz!!!
No outro dia vi num jornal que milhares de crianças morrem por dia de causas evitaveis. Na página seguinte estava o anúncio da construção de um prédio com um quilómetro de altura. Não, não é um conto.
Era uma ideia para algo muito bom, quanto a isso não há dúvidas!
Saudações.
Deve ter sido um daqueles ímpetos de escrever que por vezes nos invade e que de um só fôlego nos saem coisas que até fazem sentido!
"Insuspeita fenda profunda que se abre frente aos seus pés..."
Adorei esta frase! Devias começar um conto por aqui.
Ó rapariga, para chorona basto eu. Nada de chorares no meu blog, ouviste minha linda? Senão daqui a pouco quem fica a chorar com o teu comment (que me emocionou até às raízes do cabelo!) sou eu! (Mexeu comigo aquilo que lá deixaste).
O enlevo por umas vacas que se limitavam a ser ordenhadas por um robot e o sentimento difuso de preocupação merece-nos uma adjectivação fulminante.
Veio agora ao meu espírito que o afundamento da economia do mundo ocidental, enquanto tragédia de proporções desconhecidas, foi o principal fruto do bushismo.
Um grande boomerang da guerra levada a cabo é, como quase todas as guerras ofensivas, não ter servido para nada. Só para herdar problemas novos que não existiam.
Rui,
Obrigada, é sempre bom ter-te por aqui.
beijos
Mundo azul,
Provalvelmente, obrigado pela visita.
beijos
Rafeirote,
Tens razão, não, não é um conto, infelizmente.
Beijos
Saltinho,
És uma querida tu!
beijos.
André,
Deve ter sido isso mesmo :)
beijos
António,
É uma boa ideia :)
beijos
Blonde,
Não choramingo mais, mas olha que ninguem me bate na lagrimazinha facil :)
Falemos, Joaninha, da impiedade que o teu texto invectiva, pois é real e anuncia-se que se agudizará.
beijos
Josh meu amigo,
Eu sei...
pois.. este é um texto intemporal... retrato da humanidade... pelo menos, de uma faceta dela.
(pelo menos é o que a Alita me diz)
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