Cansado da vida, já no fim do livro, o escritor escreve, sobre a mesa do seu leito, as suas ultimas palavras, as que nunca pensou escrever.
“ Há muito tempo que ando para te dizer, mas não pôde ser. Há tempo que se me engasgam as palavras, que me sufocam os sons, mortos ainda no pensamento. Há muito tempo que te queria ter dito, mas sou covarde, sou um pobre de espírito a quem Deus não dará o reino dos céus.
Há muito tempo que esperava a oportunidade para te falar, mas passavas por mim com um sorriso que me calava.
Agora que fiquei sem tempo, agora neste ultimo segundo antes do fecho eterno dos meus olhos, não te vás, não sorrias para que o teu sorriso não me mande calar, deixa-me dizer-te. Senta-te na beira da minha cama branca e limpa para que te diga com a pouca voz que ainda tenho, no desespero deste ultimo momento.”
- Amei-te durante todo este tempo. Murmura.
Caem-lhe as folhas das mãos, caem-lhe as pálpebras sobre os olhos, cai-lhe a escuridão na mente...
Fim
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008
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7 comentários:
Joaninha
"sou um pobre de espírito a quem Deus não dará o reino dos céus"
Espero que estejas ciente que tens ateus a ler o teu blogue! Respeitinho!
Está lindo, pequena. E nem ficaste com o rabo gordo para escrever isto!
Quando dizemos o fundamental, tudo o resto deveria ser assim, em queda... em escuridão que se fecha... em formato de fim. Nada mais somos para além de uma verdade que se esgota.
Gostei.
Momentos finais.
Assim acaba o conto é?
Um abraço
José Gonçalves
Há começos de tudo assim, Joaninha. Toda a escrita retrospectiva e atribui sentido ao que jaz lá atrás.
Aqui jaz Texto por Gente! Não em vez dela mas representando-a, ausente.
PALAVROSSAVRVS REX
Vamos lá ver se arranjo uma casa nova para esta literatura toda :-)
Um feliz final.
José, José.
Acabei sim senhora...acabei o meu "livro".
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