quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Á minha amiga.

Minha cara amiga,

Se um dia fores e decidires não voltar, sabe que, não há em mim gota de sangue ou célula sólida funcional que não se retorça de saudade de cada pormenor da tua presença física, química e afinal, emocional. É porque no fundo não há no meu corpo gota de sangue ou célula sólida que não seja emoção no seu estado, físico, químico de estar.
Assim, cara amiga, sofrerei em caso partas, toda eu em todos os estados de estar.
Por muitas e muitas vezes, senão ainda agora, me rogastes que te escreva, te descreva, algo, qualquer coisa.
Pois aqui as tens, primárias linhas embrionárias que espero se metamorfoseiem em longas prosas, escritas ou faladas, incorporada que estás no meu ser mais solidamente emocional, pese embora as descontroladas incursões pelo estado liquido de estar.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Fotografia


Em Londres....
Alguém se lembrou de mim.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

O homem chora!

A primeira gota caiu-lhe sobre a face, escorreu pela têmpora e, delineando-lhe o contorno do maxilar, foi parar junto ao queixo numa quietude ameaçada pela cruel gravidade.

Outras mais foram caindo surfando-lhe o rosto, umas encarreiraram na direcção da boca, semiaberta, semi fechada, de dentes cerrados, outras aterrando em cheio na testa fugiam para os lados, contornando as orelhas e abrindo pelo pescoço um rio que na base formava um pequeno lago, outras ainda, suspensas no vazio da ponta do nariz, maldiziam o seu fado!

Assim podia chorar sem na realidade ter chorado. Assim ninguém lhe via, no meio do rio doce, o mar salgado.

Sal que lhe salitra a alma, lhe esboroa os ossos, lhe destrói o juízo tão amado! Contido no estrito espaço que lhe é permitido! Àh! Um homem não chora!

A ultima gota essa partiu-lhe do canto do olho, funestamente fugida do canal reprimido do seu choro, correu lesta ao longo do nariz e, alagando-lhe salgadamente os lábios, infiltrou-se entre os dentes cerrados, marcando-lhe na língua, a sal, a saudade imensa daquele nome já passado.

Já não sabia se conseguia mais chorar sem na realidade ter chorado. Era urgente chorar o passado, chora-lo todo, o mal amado, o feliz, o desgraçado!

A chuva já não cai, mas a face continua acoitada por gotas escorregadias que surfam os contornos do seu rosto desgastado. Chorar, chorando, para com ele lavar o passado que, no meio da chuva foi passando.

Áh! o homem chora, o homem está chorando!