Pasquináceo agarrou na sua bandeira rubra e negra e dirigiu-se para o centro da Cidade. De todas as ruas, de todas as vielas e becos foram surgindo outros pasquináceos; remulakianos, que de tanto serem ofendidos e humilhados, caminhavam obstinados para o local marcado, puxados por uma força invisível que os unia a todos: a miséria.
O centro da Cidade cedo se tornou numa massa informe, qual coágulo de sangue a espraiar os seus tons de vermelho escuro. O burburinho daquela gente depressa se transformou num clamor que de tão estrondoso foi confundido com trovoada; na agitação alguém comentou: - Porra! Até que enfim que acordámos – e nesse momento o Palácio foi tomado de assalto, e os andróides que o defendiam nada puderam contra uma multidão ávida de mudança, sequiosa de justiça; reconheceram-se nela e abriram alas.
O senhor Engenheiro(ideólogo da Grande Máquina) e seus sequazes foram arrastados das faustosas poltronas dos seus gabinetes para a rua, puxados pela orelha, como se faz aos meninos mal comportados. E logo ali foram julgados por toda a população que exclamou a uma voz: Condemno!
O castigo foi aplicado de imediato a todos os meliantes e seus acólitos; a todos os juízes que os justificaram, a todos banqueiros que os sustentaram, a todos os sacerdotes que os benzeram. Foram atirados ao rio de pernas e braços atados. Não foi uma condenação à morte; os remulakianos sabiam que a merda geralmente boiava.
E era tal a paixão que vibrava naquele povo que até o céu começou a chorar de emoção. A chuva varreu das ruas os restos de ingnomínia, e sublinhou a necessidade de limpeza que a Cidade há muito exigia.
Este texto foi escrito por El Matador http://el-killer.blogspot.com/
1 comentário:
Regressasti!!!!! :)
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