quinta-feira, 24 de setembro de 2009

O suspiro.

O longo, o velho, infindável e insondável suspiro, por entre dentes em crescente e agudo assobio quase, quase inaudível...
Agoniado arrasta-se por entre os lábios em insonora dor, carregando-lhe o medo cá para fora, soprando-lhe a solidão, em limpeza do seu silêncio abrindo-lhe espaço para o compasso de espera no seu terror finito.
Em expiação do seu pecado desconhecido vai-se-lhe expirando na ponta dos dedos gelados num murmúrio de alma só por ela ouvido.
Respira, faz todo o sentido! A Vida respira-se, diz-lhe o suspiro ao ouvido que vê a sua morte de encontro aos lábios já roxos, mortos de frio.
Ela inspira, inspira no momento em que o suspiro, sem forças, já expirado, se deixa acabar em agoniante falta de ar!
Vive!

8 comentários:

antonio ganhão disse...

Suspirei...

Krippmeister disse...

Que leve os medos e as angústias :)

El Matador disse...

Bonito!

Rafeiro Perfumado disse...

Mas se inspirar muito depois não se mete a arrotar também? É que tanto ar acumulado...

Beijoca!

Anónimo disse...

Olha estava a ler e a pensar na Manuela Ferreira Leite...;-), coitada da velhinha! ehh ehh ehh

Bj

alf disse...

que amor ao pormenor! Tens alma de poeta e de cientista. Deste vida ao Suspiro

Joaninha disse...

Alf,

Obrigada :)

beijos

Blondewithaphd disse...

Ai sim, vivamos que temos muito tempo para estar sem respirar. Vivamos, pois! Vive! (concordo tanto)