Estendo a minha miséria sobre a mesa, chocalhando nos bolsos o pouco que sobra da venda da minha alma impura. Sou um homem condenado ao infinito inferno ardente e no entanto sou um condenado sorridente.
Valeu a pena viver assim?
Encaixo o queixo contra o punho serrado e recordo.
Os teus olhos!
Óh se valeu, valeu bem só por esse olhar, não me arrependo nem um pouco, loucura que foram, felicidade que me trouxeram, os teus toques e suspiros no escuro.
Agora pouco me resta, viverei de esmola pois os vazios de alma não se sustentam sozinhos, vivem parasitando a misericórdia dos puros.
A condenarmos a alma que seja por amor! Deus! a sermos pobre de espírito, vazios de conteúdo, buracos negros de existência que seja por amor, pois ele é por si a contrição do pecado que nos condena.
Passo o tostão furado por estes dedos esfolados, o pouco que me resta nos bolsos não vale um trocado e no entanto a fome não me apaga o sorriso de espanto que me trás a tua memoria, nem diminui o impacto que é ver-te em toda a tua glória.
Quem não quer ser condenado no calor dos teus lençóis pela profundidade dos teus suspiros?
Quem não se quer consumir na fornalha incandescente da tua boca, na infinitude das tuas gloriosas mãos?
Condeno-me pois! que me leve o diabo o pouco que ainda possuo e me deixe perecer aqui, dentro de ti coração.
9 comentários:
Mais um texto inspirado e inspirador. E concordo com o condenado. Se vale a pena, pró inferno com tudo o resto ;)
Beijão linda
Uau ... espero é que estes suculentos nacos de prosa nao façam olvidar de obrigações mais terrenas, como, por exemplo, o mundo das normas jurídicas! :)
Regressei?
Talvez, mas ando noutro porto e aí sim com mais vontade.
Espero uma visita.
Ferreira!
Essas obrigações mais terrenas é só lá para 28 deste mês. Até lá mantenho-me nos nacos suculentos :)
beijos
O Inferno! Ah! que bela sauna.
Fornalha incandescente da tua boca?!? Será que ela não tem alguma doença?
Beijocas!
Um texto sobre a Anna-Nicole Smith? Mas ela não condenou o "jovem". Simplesmente... olha... ficou com um pé de meia!
Dia 28 já voltas à barra? Vamos ter qu eir ao cinema e ao sushi todos os dias agora para compensar!
Pobre no bolso, rico na alma e no coração.
É assim mesmo. Na vida existirá sempre uma razão pela qual nos batemos, mesmo que tenhamos sido vencidos. Pelo menos valeu a pena lutar.
Não estranhe a minha ausência pois abandonei um pouco a Net.
A Net que não os amigos e o meu Minho.
Um abraço
António
Ai Amor, Amor, condena-nos que não nos importamos. Ai, o Amor. Sempre o Amor...
Jo, my dear, gostei do registo!
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