Imaginai que andava eu por estas artérias feitas nevoeiro, tentando a todo o custo recordar que por estas terras todo o trânsito é mister que se faça ao contrário, quando praticamente esbarro minhas quase asininas fauces contra tremendo sapato.
Não fora o facto de uma lustrosa matrona me ter segurado com mãos que asseguravam, sem necessidade de qualquer estudo, ser aquela roliça carne e aquele gorduroso sangue ímpios descendentes de vikingues que em tempos, Tamisa acima, correram tudo a pontapé no fundilho das calças, mas, dizia, não fossem aquelas mãos e ter-me-ia espetado contra tal artefacto. As mãos e o profundo “watch your step, mister!”.
Pois, tendo assim escapado, pasmei ante coisa tão gigantesca. E eis que agora me revelais que alguém se lembrou de Vós naquela cidade? Ora, isso é cousa que não se me entranha no entendimento. Pensava eu que Vexa era Joaninha, quando muito Juanita e agora asseverais Vós mesma que sois Joaninha Priscilla? Mas, dizei, Priscilla não será antes título de drag queen? E eu, sinceramente, não vos vejo em tais prantos. Desculpai, mas isso seria como me virem dizer que Obama ganhou o Prémio Nobel da Paz. Como? É mesmo verdade? Ele ganhou o Nobel da Paz? Jurais? Sendo assim, continua sendo materialmente impossível que coisa tamanha caiba em Vosso delicado pé, certo? Ou será que terei mais essa surpresa reservada? Reparai, por favor, cara Doutora: não que tenha algo contra uma “drag queen”, mas depois do SOL dizer que o meu concelho pode mudar de cor no Domingo, do Obama ter ganho o Nobel e ainda agora mesmo ter aqui passado um porco de bicicleta na minha rua, nada mais me restaria para espanto que tão inaudita revelação.
Caríssimo e digníssimo Dr. Abirrante Ferreira Pinto.
Recebi inda agora a sua missiva e, apesar da pressa de sair para o recolhimento daquele templo de conhecimento que se denomina ISCAD, não o poderia fazer sem antes o sossegar assim tirando o porco a andar de bicicleta e o Nobel do Obama nada mais de estranho ou particular lhe afligirá o dia, afianço-lhe.
Pois certo que quem de mim se lembrou em Londres, ao admirar tamanho artefacto pedonal, apenas se lembrou devido à minha desmedida predilecção por este objectos de moda.
Pese embora ser dotada de um pé respeitável ainda assim lhe afianço que não, não cabe meu delicado pé nesse mastronço plantado no topo desse edifico.
Assim meu caro e dgno Dr. Pinto, não se apoquente mais, tudo está bem por aqui, na calma e sossegada Capital do império.
Me despeço com amizade e muito consideração, aguardando noticias em breve
Ilustríssima, Digníssima, Sereníssima e Magnífica Dr.ª Joaninha Voavoa,
Afianço-vos que o topete das primeiras palavras que aqui Vos deixei era apenas em jeito de pura reflexão sobre os costumes dos nossos tempos. Reparai que nos tempos que correm quase nada poderemos dizer que jamais sucederá, sendo contudo de realçar que mesmo assim ainda há coisas que nos causam espanto.
Ficamos ante elas como nossos navegadores ante as inauditas fauces do Adamastor que a todos enchia de receio.
Relembro que outrora o nosso Fernão Mendes Pinto passou por Fernão, mentes? Minto! Eram de tal monta as suas palavras e as pinceladas que com elas nos traziam imagens do reino do Sião e das terras outrora denominadas da Cochinchina que nem seus pares nelas criam. Ora, nós, iluminados que somos hoje pelas luzes da Razão e do declínio quase geométrico da Fé em razão da progressão da Ciência e da Técnica, estamos melhor preparados para aceitar todas essas modernidades que diariamente nos são reveladas, mas ainda temos certas dificuldades em crer que em matéria de costumes há hipóteses que se admitem mais por mera cautela.
O caso de Vosso pé era apenas uma delas. Aliás, se reparardes bem, perguntava-se mais sobre o sapato do que sobre o pé.
Mas Vós, com mente bem formada e de espírito arguto, bem o entendestes de tal monta que Vossa resposta me coloca novamente ao nível do chinelo, donde aliás jamais devia ter passado.
Registo ainda a consideração de antes de ter rumado a mais uma certamente muito profícua sessão de sapiência, me ter dedicado Vosso precioso tempo e a leitura daquelas palavras.
Não posso é terminar sem deixar aqui protestada a minha ignorância de Vos saber ainda parente de Imelda Marcos, essa insigne esposa de estadista e emérita coleccionadora de sapatos.
Com profunda estima e elevada consideração, Um criado ao Vosso dispor
Meu caríssimo e nobilíssimo amigo Dr. Abirrante Pinto,
Espero que esta missiva o encontre de saude.
Em lendo inda agora a correspondência rapidamente resolvi responder pois que me diverte e me alegra a tão fluente e humorística conversação em que encetamos faz agora 1 post ou 2.
Primeiramente gostaria de o sossegar, não se aflija o caríssimo que nem por um momento que fosse me passou que a sua cordial e tão espirituosa missiva tivesse qualquer outra intenção que não a de reflectir. E que bela e perspicaz reflexão!
Quanto à proficuidade das sessões de sapiência meu dignissimo amigo, lamento desiludi-lo mas neste momento mais me parecem sessões de confessionário com priores roucos em horas tardias...Enfadonhas que só ouvindo para acreditar.
Excepção seja feita, a Digníssima e sapiente Dra.Brutinha da Costa, que me atropela às segundas e sexta qual trem de alta velocidade, deixando-me em estado catatónico que nem os mais potentes sais têm o poder de mitigar. Ainda assim gosto dele, provavelmente por isso mesmo.
Assim sendo imaginais Vós meu caro, o entusiasmo que me move quando encaro semanalmente a Douta Mosca morta de Notariado ou o Digníssimo Dr. Piadinha fácil de Processo Civil... Não está fácil meu amigo, nada fácil.
Salvar-me-à talvez aqueles subterfúgios não muito correctos mas que evitam situações embaraçosas de adormecimento, como comentar o tique nervoso que a Douta Mosca morta tem, ou, e este sempre é menos improprio, a escrita, que muitas vezes me faz parecer mais atenta do que na realidade estou.
Mas só agora me apercebo, mas não sabia o Digníssimo Dr. do meu digamos que excessivo gosto por sapatos?
Óh caríssimo mas que distracção a sua, pois que há sapatos expostos por este blog a fora...
Finalmente e antes de me despedir queria agradecer-lhe por esta tão simpática troca de correspondência que espero sinceramente se mantenha.
Permita que, com o imenso respeito, que bem sabeis que é muito, que vos tenho, minha cara amiga, oscule Vossas mãos em sinal não só de amizade, mas em loquaz gesto de agradecimento por cuidar de auspiciar que me encontre de saúde.
Garanto-Vos, minha cara, que tanto é do conhecimento nosso, nada de anormal se passa com a saúde não só desta alma, deste esqueleto e destas carnes.
Sobre a diversão que encontra a minha amiga em tão fluente e humorada troca epistolar, apraz-me registar a mesma. Porque se é bem verdade que os bons humores se revelam através dos deuses da fortuna, não menos certo é que os podemos e devemos invocar para assim garantir que nunca nossa existência seja toldada por uma qualquer sombra!
Sois demasiado generosa na Vossa apreciação não só do esmero da nossa escrita, como das capacidades argumentativas que apresentamos e, por via dessa Vossa generosidade, elevais quase á quinta-essência um arremedo de reflexão que do sapiente Sócrates (o filósofo, cuidai que é deste que falo) não mais mereceria que uma sonora reprovação de que “não só não sabeis que nada sabeis, como ainda vos revelais asno de tal quilate que julgarias a cicuta refresco de estio!
Noto um certo desalento em vossas palavras, minha amiga, sobre a qualidade e oportunidade das laudas de sapiência, da oratória que jorra da boca de Vossos venerados e temíveis mestres. Garanto-vos que isso será mais fruto destes dias indecisos que correm, que tanto nos fazem suspirar pelas águas tépidas do mar e as carnes a mirrar ao Sol, como de repente nos atiram assim umas rabanadas de vento e uns odores que nos garantem que se na vinha as uvas já não moram é porque aí vem o glacial Inverno!
Essa vossa dolência só pode resultar da impaciência de não conseguirdes saber se deveis calçar Vosso delicado pé, embora generoso no tamanho, segundo me dizeis, em delicadas sandálias com a assinatura dum Jimmy Choo ou uns mais sólidos sapatos que tendo sido confeccionados sob a exigente batuta dum Manolo Blahnik vos almofadavam em delicado berço o pé e aquele joanete que pelos dias que vão correndo vos apoquenta!
Noto, aliás, que a mesma já vai causando seus estragos. Notais, por favor, que vos referis a uma Dra. Brutinha da Costa que vos deixa em estado catatónico e logo rematais com um “ainda assim gosto dele”. Ouso pensar que não vos referis ao estado, antes ao mestre que, ao caso, se é Brutinha vos devia levar a afirmar que “gosto dela”; e se gostais dele, então há-de ser Brutinho!
Pois quanto às vetustas questões do Notariado, temo bem que seja campo estéril como um deserto mas a que não podereis deixar de dedicar vosso esforço; quanto ao outro senhor, o tal do Processo Civil mister é que vos dediqueis de corpo e alma a tal tarefa. Não pela soturna complexidade do mesmo, antes pelos constantes remendos que este nosso legislador produz quase diariamente ao desgraçado do Código do Processo Civil que, estou certo, deixaria Manuel de Andrade furibundo e porá Alberto dos Reis a dar voltas na tumba!
Isso são como aquelas outrora afamadas colheres de óleo de fígado de bacalhau a que por milagre da geografia escapei mas que, ao que ouço dizer, foi anos a fio tormento e cruz de muitos que hoje terão a minha idade mas seguramente menos juízo que eu!
Sobre vosso desvelo por sapatos, essa vossa paixão nada secreta, afianço-vos que sou personagem meia distraída nalguns domínios. Não é por mal, minha cara, antes fruta desta minha natureza.
Sobre a troca epistolar, poderá a minha douta amiga contar sempre com um arrazoado como este sempre que necessário tal se revele e assim o permita a ditadura do tempo!
Ehhh pa!! Mais sapatos como este e o Belo Alentejo passava a ter reservas de agua o ano inteiro! Quantos litros deve esse sapato levar? Agora mais a serio... Isso so pode ser uma campanha a favor da industria do calçado marroquino,uma afronta com certeza orquestrada pelo Eng. Socrates ou por membros do seu governo em estreita colaboração com o MI6, em desprestigio da industria nacional! Não ha outra explicação...
17 comentários:
És lembrável como o milho, é o que isso quer dizer :)
Futilidades de uma mente feminina...
Exma., Magnífica e Excelsa Joaninha Juanita,
Senhora Doutora,
Imaginai que andava eu por estas artérias feitas nevoeiro, tentando a todo o custo recordar que por estas terras todo o trânsito é mister que se faça ao contrário, quando praticamente esbarro minhas quase asininas fauces contra tremendo sapato.
Não fora o facto de uma lustrosa matrona me ter segurado com mãos que asseguravam, sem necessidade de qualquer estudo, ser aquela roliça carne e aquele gorduroso sangue ímpios descendentes de vikingues que em tempos, Tamisa acima, correram tudo a pontapé no fundilho das calças, mas, dizia, não fossem aquelas mãos e ter-me-ia espetado contra tal artefacto. As mãos e o profundo “watch your step, mister!”.
Pois, tendo assim escapado, pasmei ante coisa tão gigantesca.
E eis que agora me revelais que alguém se lembrou de Vós naquela cidade?
Ora, isso é cousa que não se me entranha no entendimento.
Pensava eu que Vexa era Joaninha, quando muito Juanita e agora asseverais Vós mesma que sois Joaninha Priscilla?
Mas, dizei, Priscilla não será antes título de drag queen?
E eu, sinceramente, não vos vejo em tais prantos.
Desculpai, mas isso seria como me virem dizer que Obama ganhou o Prémio Nobel da Paz.
Como?
É mesmo verdade?
Ele ganhou o Nobel da Paz?
Jurais?
Sendo assim, continua sendo materialmente impossível que coisa tamanha caiba em Vosso delicado pé, certo?
Ou será que terei mais essa surpresa reservada?
Reparai, por favor, cara Doutora: não que tenha algo contra uma “drag queen”, mas depois do SOL dizer que o meu concelho pode mudar de cor no Domingo, do Obama ter ganho o Nobel e ainda agora mesmo ter aqui passado um porco de bicicleta na minha rua, nada mais me restaria para espanto que tão inaudita revelação.
Um criado ao Vosso dispor,
Caríssimo e digníssimo Dr. Abirrante Ferreira Pinto.
Recebi inda agora a sua missiva e, apesar da pressa de sair para o recolhimento daquele templo de conhecimento que se denomina ISCAD, não o poderia fazer sem antes o sossegar assim tirando o porco a andar de bicicleta e o Nobel do Obama nada mais de estranho ou particular lhe afligirá o dia, afianço-lhe.
Pois certo que quem de mim se lembrou em Londres, ao admirar tamanho artefacto pedonal, apenas se lembrou devido à minha desmedida predilecção por este objectos de moda.
Pese embora ser dotada de um pé respeitável ainda assim lhe afianço que não, não cabe meu delicado pé nesse mastronço plantado no topo desse edifico.
Assim meu caro e dgno Dr. Pinto, não se apoquente mais, tudo está bem por aqui, na calma e sossegada Capital do império.
Me despeço com amizade e muito consideração, aguardando noticias em breve
Sempre sua
Joaninhavoavoa
feito por medida?
O mundo visto de cima de uns sapatos altos é diferente?
Ouve, isso dava quase para fazer um T0 (ou bem aproveitado um T1) e morar aí dentro! Embora não fosse a minha escolha de cor!
Espectáculo!
Ilustríssima, Digníssima, Sereníssima e Magnífica Dr.ª Joaninha Voavoa,
Afianço-vos que o topete das primeiras palavras que aqui Vos deixei era apenas em jeito de pura reflexão sobre os costumes dos nossos tempos. Reparai que nos tempos que correm quase nada poderemos dizer que jamais sucederá, sendo contudo de realçar que mesmo assim ainda há coisas que nos causam espanto.
Ficamos ante elas como nossos navegadores ante as inauditas fauces do Adamastor que a todos enchia de receio.
Relembro que outrora o nosso Fernão Mendes Pinto passou por Fernão, mentes? Minto! Eram de tal monta as suas palavras e as pinceladas que com elas nos traziam imagens do reino do Sião e das terras outrora denominadas da Cochinchina que nem seus pares nelas criam. Ora, nós, iluminados que somos hoje pelas luzes da Razão e do declínio quase geométrico da Fé em razão da progressão da Ciência e da Técnica, estamos melhor preparados para aceitar todas essas modernidades que diariamente nos são reveladas, mas ainda temos certas dificuldades em crer que em matéria de costumes há hipóteses que se admitem mais por mera cautela.
O caso de Vosso pé era apenas uma delas. Aliás, se reparardes bem, perguntava-se mais sobre o sapato do que sobre o pé.
Mas Vós, com mente bem formada e de espírito arguto, bem o entendestes de tal monta que Vossa resposta me coloca novamente ao nível do chinelo, donde aliás jamais devia ter passado.
Registo ainda a consideração de antes de ter rumado a mais uma certamente muito profícua sessão de sapiência, me ter dedicado Vosso precioso tempo e a leitura daquelas palavras.
Não posso é terminar sem deixar aqui protestada a minha ignorância de Vos saber ainda parente de Imelda Marcos, essa insigne esposa de estadista e emérita coleccionadora de sapatos.
Com profunda estima e elevada consideração,
Um criado ao Vosso dispor
Meu caríssimo e nobilíssimo amigo Dr. Abirrante Pinto,
Espero que esta missiva o encontre de saude.
Em lendo inda agora a correspondência rapidamente resolvi responder pois que me diverte e me alegra a tão fluente e humorística conversação em que encetamos faz agora 1 post ou 2.
Primeiramente gostaria de o sossegar, não se aflija o caríssimo que nem por um momento que fosse me passou que a sua cordial e tão espirituosa missiva tivesse qualquer outra intenção que não a de reflectir. E que bela e perspicaz reflexão!
Quanto à proficuidade das sessões de sapiência meu dignissimo amigo, lamento desiludi-lo mas neste momento mais me parecem sessões de confessionário com priores roucos em horas tardias...Enfadonhas que só ouvindo para acreditar.
Excepção seja feita, a Digníssima e sapiente Dra.Brutinha da Costa, que me atropela às segundas e sexta qual trem de alta velocidade, deixando-me em estado catatónico que nem os mais potentes sais têm o poder de mitigar. Ainda assim gosto dele, provavelmente por isso mesmo.
Assim sendo imaginais Vós meu caro, o entusiasmo que me move quando encaro semanalmente a Douta Mosca morta de Notariado ou o Digníssimo Dr. Piadinha fácil de Processo Civil... Não está fácil meu amigo, nada fácil.
Salvar-me-à talvez aqueles subterfúgios não muito correctos mas que evitam situações embaraçosas de adormecimento, como comentar o tique nervoso que a Douta Mosca morta tem, ou, e este sempre é menos improprio, a escrita, que muitas vezes me faz parecer mais atenta do que na realidade estou.
Mas só agora me apercebo, mas não sabia o Digníssimo Dr. do meu digamos que excessivo gosto por sapatos?
Óh caríssimo mas que distracção a sua, pois que há sapatos expostos por este blog a fora...
Finalmente e antes de me despedir queria agradecer-lhe por esta tão simpática troca de correspondência que espero sinceramente se mantenha.
Cordialmente me despeço com toda a amizade.
Joaninhavoavoa
Ilustríssima, Sapiente, Ousada e Esvoçoante Dr.ª Joaninha Voa-Voa,
Permita que, com o imenso respeito, que bem sabeis que é muito, que vos tenho, minha cara amiga, oscule Vossas mãos em sinal não só de amizade, mas em loquaz gesto de agradecimento por cuidar de auspiciar que me encontre de saúde.
Garanto-Vos, minha cara, que tanto é do conhecimento nosso, nada de anormal se passa com a saúde não só desta alma, deste esqueleto e destas carnes.
Sobre a diversão que encontra a minha amiga em tão fluente e humorada troca epistolar, apraz-me registar a mesma. Porque se é bem verdade que os bons humores se revelam através dos deuses da fortuna, não menos certo é que os podemos e devemos invocar para assim garantir que nunca nossa existência seja toldada por uma qualquer sombra!
Sois demasiado generosa na Vossa apreciação não só do esmero da nossa escrita, como das capacidades argumentativas que apresentamos e, por via dessa Vossa generosidade, elevais quase á quinta-essência um arremedo de reflexão que do sapiente Sócrates (o filósofo, cuidai que é deste que falo) não mais mereceria que uma sonora reprovação de que “não só não sabeis que nada sabeis, como ainda vos revelais asno de tal quilate que julgarias a cicuta refresco de estio!
Noto um certo desalento em vossas palavras, minha amiga, sobre a qualidade e oportunidade das laudas de sapiência, da oratória que jorra da boca de Vossos venerados e temíveis mestres. Garanto-vos que isso será mais fruto destes dias indecisos que correm, que tanto nos fazem suspirar pelas águas tépidas do mar e as carnes a mirrar ao Sol, como de repente nos atiram assim umas rabanadas de vento e uns odores que nos garantem que se na vinha as uvas já não moram é porque aí vem o glacial Inverno!
Essa vossa dolência só pode resultar da impaciência de não conseguirdes saber se deveis calçar Vosso delicado pé, embora generoso no tamanho, segundo me dizeis, em delicadas sandálias com a assinatura dum Jimmy Choo ou uns mais sólidos sapatos que tendo sido confeccionados sob a exigente batuta dum Manolo Blahnik vos almofadavam em delicado berço o pé e aquele joanete que pelos dias que vão correndo vos apoquenta!
Noto, aliás, que a mesma já vai causando seus estragos. Notais, por favor, que vos referis a uma Dra. Brutinha da Costa que vos deixa em estado catatónico e logo rematais com um “ainda assim gosto dele”. Ouso pensar que não vos referis ao estado, antes ao mestre que, ao caso, se é Brutinha vos devia levar a afirmar que “gosto dela”; e se gostais dele, então há-de ser Brutinho!
Pois quanto às vetustas questões do Notariado, temo bem que seja campo estéril como um deserto mas a que não podereis deixar de dedicar vosso esforço; quanto ao outro senhor, o tal do Processo Civil mister é que vos dediqueis de corpo e alma a tal tarefa. Não pela soturna complexidade do mesmo, antes pelos constantes remendos que este nosso legislador produz quase diariamente ao desgraçado do Código do Processo Civil que, estou certo, deixaria Manuel de Andrade furibundo e porá Alberto dos Reis a dar voltas na tumba!
Isso são como aquelas outrora afamadas colheres de óleo de fígado de bacalhau a que por milagre da geografia escapei mas que, ao que ouço dizer, foi anos a fio tormento e cruz de muitos que hoje terão a minha idade mas seguramente menos juízo que eu!
Sobre vosso desvelo por sapatos, essa vossa paixão nada secreta, afianço-vos que sou personagem meia distraída nalguns domínios. Não é por mal, minha cara, antes fruta desta minha natureza.
Sobre a troca epistolar, poderá a minha douta amiga contar sempre com um arrazoado como este sempre que necessário tal se revele e assim o permita a ditadura do tempo!
Despeço-me protestando minha amizade,
Como é que se escreve naquela linguagem "deitar a língua de fora"?
Senhorita, por quem sois, ide ver a resposta que vos deixei à Vossa réplica!
Caríssimo, em que linguagem é que me quer deitar a língua de fora?
Na da simbologia do Google quando se usa o G-Talk!
E nunca viste? Vale a pena. Eu vi o Patrick Swayze ao vivo na première do filme!!! :)
Prontes, tinha de vir a loira mais os seus contactos do social! Viu o Swayze .... grande coisa! :)
Ehhh pa!! Mais sapatos como este e o Belo Alentejo passava a ter reservas de agua o ano inteiro! Quantos litros deve esse sapato levar? Agora mais a serio... Isso so pode ser uma campanha a favor da industria do calçado marroquino,uma afronta com certeza orquestrada pelo Eng. Socrates ou por membros do seu governo em estreita colaboração com o MI6, em desprestigio da industria nacional! Não ha outra explicação...
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