sábado, 25 de dezembro de 2010
O melhor presente de Natal de sempre!
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
Boas Festas!
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
Desabafo
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
terça-feira, 31 de agosto de 2010
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
As férias.
quarta-feira, 28 de julho de 2010
Alice II
- Eu sou Alice!
Ele olhou-a indignado e disse:
- Alice era loira! – Riu-se!
- Alice! sou Alice!
Ele olhou, pesaroso respondeu:
-Alice morreu!
- Não! Alice sou eu!
Ele, com sua voz já meia sumida:
- Que afirmação mais descabida!
-Não entendes? Alice sou eu!
Ele não deu resposta, desapareceu..
Então ela chorou desolada,
Porque raio o gato a matara?
Porque ter cabelo cor de azeviche?
- Alice sou eu! Eu sou Alice.
E depois desfaleceu...
Boas férias para todos!
sexta-feira, 23 de julho de 2010
A Paixão by El-Matador...
Pasquináceo agarrou na sua bandeira rubra e negra e dirigiu-se para o centro da Cidade. De todas as ruas, de todas as vielas e becos foram surgindo outros pasquináceos; remulakianos, que de tanto serem ofendidos e humilhados, caminhavam obstinados para o local marcado, puxados por uma força invisível que os unia a todos: a miséria.
O centro da Cidade cedo se tornou numa massa informe, qual coágulo de sangue a espraiar os seus tons de vermelho escuro. O burburinho daquela gente depressa se transformou num clamor que de tão estrondoso foi confundido com trovoada; na agitação alguém comentou: - Porra! Até que enfim que acordámos – e nesse momento o Palácio foi tomado de assalto, e os andróides que o defendiam nada puderam contra uma multidão ávida de mudança, sequiosa de justiça; reconheceram-se nela e abriram alas.
O senhor Engenheiro(ideólogo da Grande Máquina) e seus sequazes foram arrastados das faustosas poltronas dos seus gabinetes para a rua, puxados pela orelha, como se faz aos meninos mal comportados. E logo ali foram julgados por toda a população que exclamou a uma voz: Condemno!
O castigo foi aplicado de imediato a todos os meliantes e seus acólitos; a todos os juízes que os justificaram, a todos banqueiros que os sustentaram, a todos os sacerdotes que os benzeram. Foram atirados ao rio de pernas e braços atados. Não foi uma condenação à morte; os remulakianos sabiam que a merda geralmente boiava.
E era tal a paixão que vibrava naquele povo que até o céu começou a chorar de emoção. A chuva varreu das ruas os restos de ingnomínia, e sublinhou a necessidade de limpeza que a Cidade há muito exigia.
quarta-feira, 30 de junho de 2010
Amizade.
As árvores, chamadas arvores do diabo, culpa dos espinhos ferozes, na sua frente, com o seu tronco barrigudo, não tinham folhas, e a erva verde cintilava com gotas de orvalho quase geladas mas ainda em estado liquido.
Fazia pequenos nós nas franjas do cachecol , tique que muito a irritava mas que não conseguia evitar. Havia tanta coisa que não conseguia evitar...
O telefonema tirara-a da cama mais cedo do que o costume para aquela altura, tinha como habito dormir até ao mais tarde possível quando estava de férias. Frio colava-se-lhe à cara, irritando a pele, fazendo surgir pequenas zonas vermelhas e abrindo pequenas fissuras nos lábios secos, apesar da insistente aplicação de Labello azul, só porque cheira bem.
Apesar de protegida pelos prédios em L o vento cortava a esplanada, gelando-a ainda mais.
O jardim estava sereno aquela hora, em pleno feriado de natal, embrulhado no frio limpo que levava para longe o cheio da humidade jorrada em chuva nos dias anteriores.
Tirou os olhos do céu apenas tempo suficiente para pedir um chá bem quente. Ele estava um pouco demorado, ao que parece havia transito.
Não era problema nenhum, ela estava bastante acostumada a esperar por ele, habito que lhe não agradava, bem se vê, mas que se diluía naquele homem doce, grande e desajeitado, acabando de certa forma por lhe dar graça. Sorria, apenas com o cantos dos lábios, muito levemente, ele era realmente engraçado.
Pastoso, lento como só ele sabia ser, assomou por baixo da latada, vinha de cabeça baixa, mãos enterradas nos bolsos fundos do sobretudo azul, quase negro, arrastava o peso de um mundo inteiro às costas.
O coração dela deu um salto, ele era frágil, tão frágil...
Preparou-se na cadeira, deu mais um nó nas franjas do cachecol no tique maldito que não a deixava e, antecipando-lhe a chegada, levantou-se.
Ele ainda de cara no chão, limitou-se a beija-la com profunda tristeza e de seguida deixou cair o corpo quase inerte na cadeira da esplanada.
-Está frio – Reclamou baixinho num tom de grunhido.
-Faz-te bem – Ela respondeu com carinho.
Bufou, naquele bufar masculino de quem não se permite sequer a ideia de chorar. Ela não entendia isso...Havia tanta coisa que ela não entendia nele, melhor dizendo na generalidade do género masculino.
Também não estava ali para analisar, não estava ali para entender nada. Estava só para ouvir.
Ele foi falando, com um tom de voz profundo e engasgado e falava daquilo que lhe consumia ferozmente o sentido de humor tão característico. Aquilo era verdadeira dor.
Foi-o ouvindo, dando-lhe todo o espaço do mundo.
A cara dele foi-se erguendo devagarinho, e à medida que se erguia ela ia sorrindo.
O peso foi caindo, bocado a bocado, como se de terra colada aos sapatos se tratasse, quando mais sacudia mais leve se sentia. A voz foi-se tornando mais firme a cada palavra.
Ela deu para contar piadas e trocadilhos, e no fim ele já ria às gargalhadas.
Ficaram depois um pouco em silêncio. Ela de novo observava a transmutação das nuvens contra o céu de gelo. Ele observava tudo sem no fundo querer ver nada.
Pediu a conta com um gesto já mais solto.
Ela deu um pequeno suspiro, quisera fazer mais...
Levantaram-se os dois.
Ele levou-lhe a mão aos lábios e beijou-a com muito jeitinho, num enorme respeito.
-Obrigada minha amiga, desculpa tirar-te assim da cama pela manhã.
Ela tocou-lhe ao de leve o rosto, e pregando-lhe um beijo bruto na bochecha fria, atirou-lhe -Tu fazias o mesmo por mim, a amizade não sofre de falta de sono ou de frio.
(estou em exames, desculpem lá a falta de posts e a falta de visitas)
quinta-feira, 27 de maio de 2010
Amor by José Maria CC
grito, teu perfil agudo
angular, aflito
corta ar, fende universo
invade o calor do verão.
Nuca esguia, longo colo
em espádua larga
estremece e assenta
e o mundo inteiro sustenta
Desse sustenido grito
amor, subtil, se ausenta
O ar é gélido, o mar
envolve teu olhar
de verde, fluido espaço
Nunca perfil de garça
tão gracilmente passou
pisou o solo
A ameaça é sempre
que, em voo inesperado
no azul desapareças
Aqui ficarão apenas cinzas
mãos vazias de asas
aqui olhos e marés
rasos de água, sem destino
Teu voo será, no entanto
meu hino
voa portanto ...
terça-feira, 18 de maio de 2010
segunda-feira, 10 de maio de 2010
terça-feira, 4 de maio de 2010
Amor by Joaninha CC
Por baixo do balcão, a cobro da escuridão de uma noite sem lua, canta-lhe em segredo.
- Óh vil sentimento que me consome!
- Amor meu, quisera respirar sem ti e sufocava em desespero, em agonia lenta, morte que nem no inferno ardente pior seria!
Na varanda o vulto se move, em movimento gracioso e suave quase como brisa em noite de estio seca.
- Óh alma cruel que não me corresponde!
- Amor meu, quisera eu libertar-me deste tormento, mas quão infeliz seria sem a dor que me fustiga a alma dia a dia! Viver sem ti, nunca! Ainda que me não querias, amor meu, sou teu para toda a vida.
Ela encosta a cintura aos negros balaústres em pedra e escuta.
-Olha que definho!
- Olha como definho! Sim, tal é força da tua recusa, que em cada gesto que não fazes na minha direcção, me morro um pouco, amor do meu coração!
Liberta o cabelo num gesto tranquilo, eles rebolam ombros a baixo, numa cascata negra que se aproxima perigosamente do pecado...ou do divino.
- Ai que já me foge a voz, sem que te dignes a libertar a tua!
- Mas antes saber que me ouves, mesmo que muda, do que existir perpetuo silêncio entre nós! Olha, olha para mim! Minha alma está nua!
Pega num cigarro distraída, dando uma primeira baforada com um pequeno sorriso de prazer intenso.
Ele toca acordes desvairados na guitarra.
- Mata-me! Mata-me, mas não me deixes entregue a esta sorte de não saber, saber só o que sinto, que é só um tão grande bem querer que já nem cabe no meu coração!
Ela se queda em silêncio, apagando o cigarro...
Em gesto lento, lento, lento, despe o vestido que fica no chão defunto, e desaparece por entre as portadas de vidro.
-Ai que fulminaram o coração, vi a luz divina! Grita ele - Morro feliz, morro tão feliz!
- Abrem-se-me as portas do inferno frente aos olhos e eu já não me importo, venha, venham as chamas perpetuas do fim do fundo do mundo, doravante já nada me dói, de hoje em diante, até o mais ardente fogo é sagrado!
Por detrás das portadas ela espreita, ansiosa!
- Porque demoras tu tanto, está frio aqui sem ti, entra, está sempre frio onde não estás!
Riem-se os dois muito.
sexta-feira, 30 de abril de 2010
terça-feira, 6 de abril de 2010
Saudade by José Maria CC
Dilacera
segunda-feira, 29 de março de 2010
Saudade by Joaninha
De a carregar tenho já as costas dobradas, sob a carga que me oprime o colo, da falta que sinto de te ver o rosto, de te sentir o cheiro, meu bem.
São milhares, diminutas recordações tuas. São tantas como as palhas que entrelaçadas formam o peso que me pesa, mesmo sabendo que não pesa nada.
A saudade embrulha no bater do coração, no correr do pensamento que incessantemente te busca, te vê constantemente onde já não estás, te sente onde quer que vá.
Verga-me o saudoso vigor dos teus braços, quebra-me o frio da tua ausência, quando perdida nas tuas recordações, em gracioso estado de alma, me recordo da quentura da tua presença, meu bem.
Ficam-se-me os olhos na infinitude do caminho que tomaste, quisera tanto faze-lo contigo, mas não me deixaste...Fiquei, sentindo-te ido da minha presença, injustamente privada da tua beleza...
E não é que não viva, porque vivo com efeito, vivo muito, todos os dias, mas... É que entranhada no meu peito, com garras que gentilmente se alapam no meu coração, qual fardo de palha que não tem peso, mas pesa tanto, a saudade de ti me consome e me acaba. Sinto a tua falta todos os dias, macera-me a alma não te ver no meio da multidão, meu sempre suave bater de coração.
Sabe meu bem que cada vez que pareço perdida na realidade não estou, apenas te imagino, e sabe que se me sinto vazia é porque te não tenho, e se não sou inteira é porque levaste parte de mim na tua algibeira. Meu bem secretamente sabe que te espero, em desespero sentido te espero, vivendo te espero, esperando secretamente ver-te, procurando a rua que subiste quando desapareceste...Busco-te saudosamente.
segunda-feira, 22 de março de 2010
quinta-feira, 11 de março de 2010
Solidão by José Maria CC
o ar outonalisou-se
Um frio estranho
envolve a terra .
Quebradas
de verão
noites quentes
dentro de min
choram matinas .
Não te encontrei
não perduram alma
beijos que te dei
Não são as horas
é o que não ficou delas ...
Mais uma prespectiva sobre solidão...
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010
A solidão By Joaninha
Ele era uma carta escrita à pressa em papel de recado, ela tornou-se esquecimento no papel amarfanhado.
Ele seguiu a sua vida, a dela ficou parada. Sentada na varanda, com as mãos coladas à sacada, os olhos profundos presos no décimo andar do prédio em frente.
O tempo começou de passar, lesto, no género gelado do vento em dias de invernia serena, com o sol em luz plena que não aquece.
Ali ficou, por horas, que foram meses. Foram anos, que enfrentou como séculos, que mais pareciam milénios.
Nas juntas da tijoleira nasceram ervas pequenas, daninhas, danadas. Hera começou de se lhe enrolar nos pés, mas ela nada. A natureza acabou cobrindo-a toda, na sua pujança completamente indesejada, dando-lhe os tons alegres de verde e de rosas, em contraste com a sua cara agonizante.
A hera assim como nasceu, murchou, a erva ainda antes de secar deu para rebentar em árvores, que deram frutos, que deram árvores, num ciclo que foi passando até que se findou.
Depois veio o dilúvio, e de seguida o dilúvio foi. Ela sentada em silêncio, a cara transtornada, como uma condenada, não se mexeu. De seguida sol inchou, contorceu-se como uma grávida e finalmente rebentou, dando à luz uma nuvem enorme de dor...O mundo acabou.
O sossego era medonho, no vácuo negro a existência não existia.
Ela, na varanda, com as mãos presas à sacada, incapaz de enfrentar o vazio, aquela dor varada, aquele não.
Até que um dia, muitos dias, muitos anos, mesmo séculos que para ela foram milénios, aconteceu chover. Uma gota desgovernada caiu em cheio na sua cara. Uma só que, sozinha, escorria céu a baixo, sob o peso do seu miserável isolamento, tocou-lhe a pele e...O olho dela piscou.
A pequena gota então acariciou-lhe a face, num toque cúmplice e o seu toque produziu um som. Foi o ribombar da esperança, barulho violento que resulta do choque de solidões.
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
O Medo by José Maria CC
SOBRE O MEDO
Medo tem
quem do fim do mundo
vem
ou, quem
do fim se aproxima
e não se anima
a ir além
Lisboa 2010/ 02 / 09
De medo nos servem
caldos de submissão
Por medo nos lançámos
ao mar obscuro
com medo aportámos
mundos desconhecidos
e matámos.
De medo nos tecem
tecidos de vida sem rumo
Por medo arriscamos tudo
Com medo nos damos
no sem medo de amar
By José Maria CC - Vulgo Pai!
terça-feira, 9 de fevereiro de 2010
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
Arthur Rubinstein - Rachmaninoff Piano Concerto No.2 II(2/2)
É magnifico...O Pianista, o concerto todo, quem não conhece aconcelho vivamente...
O concerto é brilhante, está no limite até onde se poder levar o romantismo, mais uma nota e seria piroso...Como não tem essa nota a mais é magnifico.
Quanto ao Arthur, nada a dizer, genial!
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
O medo
A estrada para o inferno está fechada, impedida e gelada sob um enorme manto branco, parada.
Há silêncio. Ao longe ainda se ouve o lamento do diabo, não sei se em velado pranto ou em risinho engasgado, seja o que for que faz, é com enorme respeito pois o som mal se ouve, entranhando-se assim uma sensação de paz no aparente vazio.
Coloco o pé na porta do caminho e de imediato me cobre o nada e me sinto sozinho, ouço a voz ao Diabo, chamando-me:
- Anda cá meu rapazinho.
Não tenho medo de chifrudos, afinfo o outro pé na estrada e faço todo meu o caminho. Num repente de um raio me apercebo que o silêncio respeitoso do Diabo não é de graça, e que algo estranho se mexe ao fundo na praça.
Não se ouve um único som, até o diabo finalmente se calou.
Olho para ela, gela-me o seu sorriso, pergunto-lhe onde estou, e ela sussurra-me...
- Perdido...Olhando por detrás dos olhos de vidro.
- Quem és tu alma penada – Pergunto eu. Pois que se chifrudos não me atemorizam já o mesmo não digo de olhos azuis vazios, abandonados de alma.
Ela faz prolongado silêncio, como se ela própria pensasse quem era naquele momento,. Repentinamente abre a boca, até lhe sinto o bafo gelado, e fazendo rodar a língua vejo eu sair pelos meus lábios.
- Sou eu...
Novamente ouço sussurrar o mafarrico, escondido estrategicamente atrás da estátua que enfeita solenemente o centro da praça.
Arrepia-se-me a nuca! A criatura falou pela minha boca...
Deve ser tal o meu ar de espanto que ela me abre um sorriso gelado e branco, fica-me fitando, com ar de antecipação, esperando com divertimento uma qualquer reacção.
Quanto mais ela olha mais cresce em mim um pensamento desconcertante, se ela fala pela minha boca, então pensa pelo meu pensamento e pode saber o que penso a qualquer momento.
- Quem és tu - insisto aterrorizado!
- Sou o teu medo – responde-me de través – sou aquilo que temes - diz-me estendendo-me a mão - aquilo que na realidade és.